Uma história pode ser
contada de várias maneiras diferentes, inclusive sem o uso das palavras! Através
de imagens, desenhos ou ilustrações é possível transmitir sentimentos, ideias e
guiar o leitor e a leitora por um caminho tão profundo quanto aquele proposto
pelas letras.
Com essa perspectiva, as
narrativas visuais vêm ganhando cada vez mais admiradores e se estabelecendo
como um gênero que consiste em utilizar imagens que se relacionam e, em
conjunto, transmitem um sentido narrativo.
É exatamente essa
condução visual que a escritora Katya Hirata propõe em “Vai passar”, sua nova
obra com ilustrações feitas utilizando a técnica da aquarela. Centrada na
figura de uma nuvem, a história do livro apresenta sentimentos plurais que se
relacionam com situações que qualquer pessoa enfrenta.
“Foi uma história que passou antes pelo sentimento e depois pela imaginação. Tive dificuldade em descrever o que estava sentindo com palavras. Utilizei a nuvem como metáfora da trajetória do herói. Cada fase da vida proporciona experiências de toda a sorte. Jamais saímos de uma vivência da mesma forma como entramos”, conta Katya sobre o processo criativo da obra.
Muita curiosidade surge
quanto a concepção das narrativas visuais, uma vez que as imagens são o fio
condutor do enredo. Em “Vai passar”, por exemplo, a ideia das pinturas e da
história aconteceu de maneira simultânea:
“Tive necessidade de manifestar o que estava sentindo através das cores. A primeira experiência foi em lápis de cor. Comecei e terminei a história de uma vez só. Uma nuvem foi puxando a outra. Depois reproduzi novamente com a técnica de aquarela”, explica Katya Hirata.
Autora de livros
infantis, como “Poupança de palavras”,
“Monet e o dia em que tudo mudou” e “Monet: por que as abelhas existem?”,
Katya destaca que as narrativas visuais trazem um ponto interessante quanto
material de leitura para os pequenos, principalmente como porta de entrada para
a literatura:
“Ler é atribuir sentido. Desde o nascimento a criança está lendo imagens, atitudes, sinais e palavras o tempo todo. As coisas passam a ter significado a partir da compreensão dessas leituras, contudo, para a leitura e interpretação de um texto existe o pré-requisito do conhecimento literal das palavras, da alfabetização. Já uma imagem não é rigorosa com esse pré-requisito e, a criança pode interpretar com maior facilidade. Ela se encantará com a imagem de uma borboleta sem precisar saber ler e escrever a palavra borboleta. Penso que assim as histórias podem fazer parte da vida infantil desde os primeiros anos, contribuindo para o processo de formação de leitores. ”
Os adultos também podem
embarcar na jornada proposta por uma narrativa visual, mas Katya faz uma
ressalva quando questionada se o gênero pode despertar interesse no público
mais velho, principalmente no campo da interpretação:
“Podem despertar o interesse, mas vale destacar que conforme vamos envelhecendo, vamos nos distanciando da capacidade de imaginar. Vai depender da maturidade literária de cada um. Mostrei minhas imagens para alguns adultos que não atribuíram sentido algum, além de imagens de eventos climáticos. Apresentei para algumas crianças, todas imediatamente levaram para o campo dos sentimentos. A metáfora da nuvem funcionou. ”
A interpretação subjetiva
passa a ser um ponto fundamental para a leitura de uma narrativa visual, afinal
uma mesma imagem pode trazer entendimentos diferentes para diversos espectadores.
Contudo, o sentimento advindo da interpretação do leitor independe da idade e
corresponde ao universo particular de cada um.
“Quem não interpreta, não sente. A literatura provoca o sentir, possibilita a visão de outros mundos. A literatura humaniza, mas para isso, o indivíduo precisa vivê-la. Para mim, uma criança leitora saberá além de interpretar textos, interpretar a vida. Interpretar uma imagem pode ser um bom começo”, finaliza Katya.
“Vai passar” contará com
lançamento on-line no dia 20 de fevereiro (sábado), com a presença da
escritora Lilian Guinski e da artista plástica Rosangela Grafetti! Os ingressos
para o evento são vendidos através da plataforma Sympla. Na compra do
ingresso, além do encontro com as artistas, um exemplar do livro será enviado
ao endereço cadastrado.
A
seguir, saiba mais sobre os livros citados na matéria:
Poupança de palavras, de Katya Hirata
Monet e o dia em que tudo mudou, de Katya Hirata