Entre rimas, estrofes e versos, o gênero poético cruzou os séculos,
atraindo leitores e se transformando conforme novas gerações de poetas
descrevem seus sentimentos e retratam épocas.
Para entender mais sobre esse gênero literário que encanta e desafia,
conversamos com Tônio Carvalho que além de poeta, é
dramaturgo, diretor teatral, roteirista, ator e professor em oficinas de
interpretação.
Sua obra mais recente foi lançada em setembro desse ano, pela Giostri Editora. Intitulado "No Feitiço das Festas de Fé", o livro compila a poesia de Tônio, que retrata a cultura brasileira e o afeto pelas tradições regionais.
Poema, poesia e a estrutura
Um dos grandes diferenciais de um poema em relação aos demais gêneros
literários é exatamente a sua estrutura, que destoa da prosa e possui seu
próprio mecanismo de caracterização e classificação.
Para novos poetas e escritores é importante conhecer essa estrutura e entender o modelo clássico, assim como a definição de estrofes, rimas, sonetos e afins. Contudo o fazer poético não precisa se prender ao protocolar e, como toda obra de arte, deve trazer a impressão do artista e exprimir o ponto de vista do poeta, seja no conteúdo ou na disposição do poema.
A liberdade dos versos
É
importante destacar também que, para cada poeta, a percepção sobre o gênero é
diferente, assim como a intenção, sonoridade e ritmo empregados no trabalho
poético autoral. Porém, é possível encontrar soluções comuns na busca para
aprimorar o ofício do poeta.
Para os
poetas e poetisas iniciantes, por exemplo, Tônio deixou uma dica
valiosa, onde a liberdade e poesia se encontram:
"Dica: viver a vida com intensidade. Viva à beira do abismo. Não o tema a ponto de travar o conhecimento. O fundo do poço ou o voo desmesurado ao infinito, igualmente, libertam. Ambos levam à luz criadora", aconselha o poeta.
Outra dica importante para os interessados em escrever poemas é deixar
fluir a criatividade, principalmente na construção de sílabas e fonemas,
evitando se engessar ao criar rimas. Além disso, o trabalho poético demanda
tempo e aperfeiçoamento: como o trabalho de um escultor em sua escultura, o
poeta precisa lapidar a sua poesia.
"Deixo fluir. Depois de um tempo, revejo. Se soa mal, giro o dial para uma melhor sintonia. Quantas vezes se fizer necessário", conta Tônio ao ser questionado sobre o processo de criação das rimas.
Os muitos caminhos possíveis
O processo criativo varia de artista para artista, por isso é necessário
encontrar, além de sua própria voz poética, a sua maneira particular de criar e
elaborar seu material autoral.
Tônio revelou um pouco do processo criativo de seu livro "No
Feitiço das Festas de Fé", dando uma boa visão do que acontece nos
bastidores de uma produção literária do gênero:
"O processo foi aleatório. Sem a obsessão de se tornar um livro. Um dia me dei conta de que haviam entre tantos outros poemas, alguns que traduziam um universo poético bem definido: as lembranças de um Brasil hoje tão esquecido e humilhado. De qualquer forma me pergunto angustiado: 'Estaria pronto para ser publicado?' Tomara."
Entre muitos caminhos possíveis, o poeta pode optar por seguir em um
universo poético particular, com poemas temáticos, encontrando assim um
denominador comum para posteriormente publicar seu trabalho. Também existe a
possibilidade de os poemas ganharem os leitores através de novas propostas, com
diferentes identidades e abordagens.
Através do selo Poesia Brasileira, a Giostri traz um
catálogo amplo e em constante inovação, assim como a proposta dos poetas, que
continuam seu trabalho sem fim de trazer a poesia para nosso cotidiano.
Com essas novas roupagens e transformações, a obra "No Feitiço
das Festas de Fé" ganhou uma adaptação visual, com leitura feita por
grandes atores como Ana Lúcia Torre, Eduardo Moscovi, Vanessa Gerbelli, Rafael
Losso e muito mais. Chamado de Pílulas Poéticas, os vídeos já estão
disponíveis no canal do YouTube da Editora, o Giostri Cultural, e
estão sendo publicados semanalmente em nosso Instagram.