Nem só de palavras se faz um livro! Cada vez mais as ilustrações ganham força no mercado editorial, principalmente na literatura infantil, onde a linguagem visual traz uma conexão imediata com os pequenos leitores que estão em processo de alfabetização.
Para conhecer um pouco mais sobre o processo de produção desse gênero literário, conversamos com o ilustrador André Ximene, que, além de designer gráfico e performer, ilustrou diversos livros, tais como Poupança de Palavras e A Noite de Nina: sobre a solidão.
Quando questionado se a ilustração pode servir como uma porta de entrada para a literatura, André garante:
“Acredito que sim, pois para mim, pessoalmente, o livro ilustrado foi uma porta de entrada para a leitura, e acredito que qualquer ser humano que tenha acesso e estímulo a leitura na infância, cresce com esse hábito. ”
Isso ocorre pois, antes mesmo da compreensão das letras e do entendimento semântico das palavras, as crianças conseguem identificar visualmente uma ideia ou uma história, compreendendo o sentido das cenas e podendo se interessar pelo texto posteriormente.
Ilustrando personagens
Na criação de livros desse gênero, Ximene também descreve um procedimento padrão e muito interessante, que é o de transformar personagens literários em uma figura ilustrada, dando um rosto para algo imaterial criado pelos escritores.
“Este processo varia muito dependendo da obra, mas sempre é algo que precisa de prática e pesquisa (design de personagens), pois existem várias formas de se criar. No caso do livro infantil, é importante "pensar como criança" e resgatar os pensamentos lúdicos do imaginário infantil”, pontua o artista.
E dessa criação de personagens, nasce uma conexão entre os pequenos leitores e as histórias, que podem acompanhá-los por anos a fio, como os personagens de desenhos animados e livros infantis que recordamos com carinho, como Alice, a turma de Oz e os moradores do Sítio do Picapau Amarelo.
“Se o livro tem personagens humanos, é importante criar corpos com diversidade de cor e gênero, sempre que possível, pois acredito que dar protagonismo para corpos pouco representados visualmente em desenhos infantis; como negros, indígenas, gordos, pessoas especiais, etc... É um cuidado que abre a mente para a existência desses corpos e dá protagonismo para crianças que não se sentem representadas em suas referências diárias. Também ensina a ter empatia por todos, pois a função do ilustrado infantil é alfabetizar e educar, que são duas coisas diferentes”, explica André sobre o procedimento de ilustração das obras.
As muitas obras de um ilustrador
Sobre o início de sua carreira e a importância dos desenhos em sua vida, Ximene contou como descobriu seu talento para as artes e pontua suas principais referências:
“Costumava desenhar personagens das animações que eu gostava, e também a fazer desenhos de familiares... Aos 4 ou 5 anos já estava bem latente a minha aptidão para desenhar. Desenvolvi minha técnica sozinho sem aulas ou cursos, fui crescendo e experimentando pinturas e outras técnicas como Pontilhismo e Maori, sempre voltado para a expressão corporal e criação de arquétipos. Moda e figuras femininas eram minha inspiração na infância e, também, nos dias de hoje.”
Com três anos de trabalho na Giostrinho, selo infantil da editora Giostri, André já ilustrou mais de dez obras e segue se dedicando diariamente para que a porta de entrada da literatura seja tão colorida e convidativa quanto uma bela ilustração.
Confira, a seguir, a lista com alguns livros ilustrados por André Ximene e o link para adquiri-los: