por Cris Lavratti
Adentrei ao mundo da maternidade há apenas
um ano e meio, 18 meses, conforme as etiquetas das roupas infantis. Chamo de
mundo, por que cá entre nós, quem pertence a ele sabe e pode me avalizar, é,
definitivamente, um mundo à parte.
Viramos do avesso, nosso “eu" se perde
em meio as fraldas e mamadeiras. É como se apertássemos a tecla pause do filme
da nossa vida.
E agora? Quem sou eu mesmo? Pergunto entre
uma canção da Galinha Pintadinha e outra do Bita. E me dei conta de que nós,
mulheres, só somos alguém para a sociedade se de alguma forma somos úteis a
ela. Só que essa utilidade está diretamente ligada àquilo que fazemos e não
necessariamente a quem somos.
Eu sou a Cris, publicitaria, cronista,
escritora e aí? Quem sou eu de verdade? Sou uma mulher que ama escrever, que
encontrou na escrita uma forma de ajeitar as gavetas internas e dar um jeito na
vida. Gosto de uma boa conversa regada a um bom vinho. Gosto de gente. Gosto de
música. Gosto de aconchego. Mas confesso, que em meio a todas as turbulências
desse momento em que vivo, estou inteiramente apaixonada por ser a mãe do
Martim. Tanto que escrevi um livro especialmente para ele no seu primeiro ano
de vida.
Como eu consegui? Não sei. Entre uma mamada
e outra eu ia arranjando tempo e em 2017 pari o infantil “O menino que veio das
estrelas”, meu menino agora está num livro, para a posteridade. Nele, eu conto
que cada estrela que se apaga no céu, é uma criança que nasce na Terra. E para
nascer, ela precisa fazer com que seus pais se encontrem.
O livro ficou tão legal, que foi adotado
por uma escola de Educação Infantil de Porto Alegre e ali ficou claro pra mim o
papel fundamental de quem escreve para crianças. Todas elas, sem exceção
estavam convictas que moravam dentro de uma estrela antes de ir para a barriga
da mamãe. Praticamente uma releitura da estória da cegonha e indo além,
mostrando que a vida é cíclica, pois costumamos falar para as crianças que
quando alguém morre, vira uma estrelinha no céu.
Tudo foi se ajeitando de uma forma tão
natural, que meus estudos para um próximo livro, desta vez dedicado aos papais
e as mamães, já está rendendo alguns frutos. Comecei a participar e ministrar
bate-papos sobre o assunto em algumas escolas. Vem coisa boa por aí.
Até lá, estou convencida de que realmente
ser mãe é a maior e melhor responsabilidade que eu poderia assumir, não me
imagino sem meu pitoco e sim convivendo com todas essas “Cris" que habitam
em mim, sem neuras e sem culpas.
A maternidade é uma das frentes mais
importantes de nossas vidas, pois estamos criando e educando indivíduos para habitar nessa terra sedenta por pessoas
de bem.
Viu sociedade? Nunca esqueça disso. Somos muitas, antes de mais nada somos filhas, somos mulheres e mães. Somos um pouco de tudo que está por aí e fomos agraciadas com a oportunidade dar a vida a outra criatura, dar a luz e precisamos ter a clareza do quão importante isto é. Hoje tenho a certeza de que a maternidade é a obra mais importante da minha vida.