O Lançamento do livro O que você vai ser quando morrer?, do jornalista e
autor Guilherme Perez aconteceu no dia
dezoito (18) de dezembro de 2021, na sede da Giostri Editora - R. Rui Barbosa,
201 - Bela Vista, São Paulo – SP. O
livro nos traz onze contos variados que perpassam por suspense, mistério,
romance, política, religião, autoconhecimento, entre outros. A mensagem
principal destes contos seja indireta ou diretamente é a importância de se
olhar para a vida de maneira leve e aproveitar cada momento. Segundo o autor,
não temos tempo para ficarmos parados em nossas tristezas e lutos.
Guilherme Perez também participou de uma entrevista para a CBN, falando sobre a temática do livro confira:
Aqui
vão algumas curiosidades sobre o processo criativo de escrita dos contos que o
autor escreveu:
Guilherme Perez:
- Sempre que leio um livro, seja de contos ou
não, me pergunto de onde os autores tiram suas ideias, inspirações, criações de
personagens, ambientação e diálogos.
Além da
imaginação comum enquanto lemos uma história, essas coisas também passam pela
minha cabeça. Não sei se é algo só de escritor ou se é um exagero meu, mas é
algo que me fascina!
Por
isso, aqui nessa seção você encontra algumas curiosidades e alguns fatos
divertidos sobre os onze contos do livro
AULA DE HISTÓRIA
Esse conto é muito importante
pra mim, porque, assim como nossos personagens, eu também sou um aficionado
pela Segunda Guerra Mundial, mais especificamente com a questão dos Judeus.
Pode parecer algo muito forte, mas um dos meus sonhos de vida é o de conhecer
Auschwitz. “Nossa, mais isso é muito estranho. Jamais iria. Deve ser muito
triste”. Sei disso, e concordo! Mas, sinto que o meu desejo vai além de apenas
algo como “uma viagem a se fazer na vida”, e sim como um chamado. Desde que
aprendi sobre o assunto na escola, sinto que é um lugar que pede para eu ir
visitá-lo. Sinceramente, acredito que vou chorar bastante por lá. Essa história
surgiu a partir disso, e desse meu entendimento de como tudo está ligado.
Tenho que dizer que, entre os
onze contos, esse é o meu preferido (por favor, não contem aos outros que disse
isso a vocês). Talvez esse seja mais um motivo pelo qual decidi colocá-lo para
abrir o livro.
INSPIRAÇÃO
Escrevi esse conto enquanto lia
“Você pode curar a sua Vida”, da Louise Hay. Para quem já leu, dá para perceber
a inspiração (desculpem o trocadilho) que tive com ela. Inclusive, a frase
inicial e final (que na verdade é a mesma, formando um ciclo dentro do texto) é
da própria Louise. Além disso, estava firme e forte fazendo meditação todos os
dias (faço até hoje e recomendo!), o que me trouxe essa ideia para o conto. Na
psicologia, essa história representa o “resgate da criança ferida”, que busca
essa reconciliação entre o seu eu adulto e a criança que se perdeu entre os
problemas e dificuldades da vida. No entanto, e quero deixar bem claro, esse
não é um caminho rápido e fácil. Saiba que é doloroso, mas que pode ser
resolvido. Nosso querido Paulo, junto com seu amigo Paulinho, indica o final
desse processo, quando ele realmente percebe que, entre tanta tristeza que a
vida pode oferecer, aquela criança cheia de sonhos sempre estará com ele.
Então, basicamente, esse conto
te diz: faça terapia, medite e cuide da sua criança interior. Ela é linda e
merece seu carinho. Talvez ela esteja precisando de um abraço. Saiba que ela é
sua melhor amiga, pois ela é você!
CENTRO HISTÓRICO
O tema para essa história surgiu
de uma forma bem curiosa: estava indo ao contador no centro da cidade onde
estou morando. O local, por sua vez, é um centro desses bem antigos, com
prédios históricos e com uma arquitetura mais densa. Estava indo a pé, já que
moro relativamente perto. Em uma das ruas, passei na frente de um (adivinhem)
cinema para adultos, daqueles bem velhos e estranhos. Vi um homem na entrada e
outro que havia entrado há pouco. Então, nos quarteirões abaixo, comecei a
reparar nos sons e nas imagens, qualquer coisa que meu cérebro podia guardar.
Então, fui juntando tudo e pensei “isso daria uma boa história!”. Então, vem o
ponto central dessa aventura: dar ao personagem algo que o fizesse ter mais
atenção aos sentidos em si. No caso do livro, como não temos o visual (apenas
na imaginação), decidi tirar e transformar tudo o que pudesse em olfativo e
auditivo. No fim das contas, juntei as pessoas loucas que passam todos os dias
em centros de cidades junto a esse prazer curioso que esse ambiente nos
proporciona.
LUA DE MEL
Inspiração para as histórias vem
de todos os lugares, não é mesmo? Esse conto veio diretamente de um episódio da
segunda temporada de Love, Death and
Robots, série da Netflix. Quero saber quem conseguirá descobrir qual
capítulo eu usei de base para criar essa história, no mínimo, peculiar. Se você
não conhece a série, recomendo muito! Animações curtas e muito bem feitas, que
trazem temas diversos, mas principalmente com um foco na filosofia e no
funcionamento da sociedade e da mente humana.
ACIDENTES ACONTECEM
Quero deixar bem claro isso: não
acredito na instituição falida e corrupta que é a igreja. Tenho sim as minhas
raízes católicas e sou da linha de pensamento que a fé e a crença são maiores
que um salão com imagens de santos. Acreditar em algo maior é natural ao ser
humano, talvez pelo fato de não querer se afundar em pensamentos existenciais.
Por sinal, esse é um conto
complexo de se fazer, ainda mais na minha família, visto que sempre foram muito
religiosos. No entanto, é o que penso e é o que quero dizer sobre o assunto.
Em relação à ideia dessa
história e ao rompimento/troca de valores de Deus e do Diabo, ela me veio
durante um banho noturno regado à músicas indie norte-americanas. Numa das
escolhas aleatórias do aplicativo, surgiu uma música que, em determinado
momento, colocava o cantor em uma mesa de bar com a Besta e o Pai. A partir
dali meu banho se tornou um grande brainstorming
para criar algo interessante nessa premissa. Acredito que tenha funcionado.
REVOLUÇÃO POLÍTICA
Esse é um conto que se apresenta
diferente pela forma, não é mesmo? O assunto já um tanto quanto clichê, e devo
dizer que nem eu acredito na questão do “é tudo igual”. Não é, e nunca será.
Entretanto, me diverti fazendo esse texto, pois foi um desafio enorme pensar e
criar diálogos que se espelhassem e fizessem sentido, além de precisar criar a
ideia política da conversa.
Dessa vez, me inspirei no filme Tenet, do diretor Christopher Nolan, que
traz exatamente essa coisa da inversão. Que fique claro, o filme é ruim, assim como
todos que Nolan fez desde A Origem,
do longínquo ano de 2010, mas foi ele que me serviu de base para fazer
“Revolução Política”.
GRANDES DÚVIDAS
Um tema tão grande como esse
precisava de personagens tão pequenos, não é mesmo? Quando estava decidindo o
que poderia escrever, meu terapeuta me perguntou: “por que não alguma coisa com
animais? Falta esse tipo de história no seu livro. Que tal brincar com as
dúvidas existenciais que temos? ”. A partir dali, juntei a ideia do grande A Metamorfose e a “inverti”. Trazer
dúvidas existenciais para uma batata foi um tanto quanto divertido, e digo, com
tranquilidade, que esse foi um dos contos que mais me diverti escrevendo. Mas,
se posso contar: ambientar essas pequenas e passar para o papel não foi nem um
pouco fácil. Elas também não precisam lidar com esse tipo de coisa, não é
mesmo?
O ÚLTIMO SUSPIRO
Na ordem original, esse foi o
último conto que escrevi. Talvez por uma leve ansiedade para terminar, essa
história foi mais curta do que havia pensado inicialmente. Apesar disso, sinto
que foi um trabalho bem feito. Queria trabalhar com essa ideia da “quebra da
quarta parede”, como dizem no cinema, e deu certo. Se vocês tem a curiosidade
de ler uma autora que trabalha assassinas com exímio talento, recomendo a norte-americana
Gillian Flynn, autora dos espetaculares Garota
Exemplar e Objetos Cortantes. Sua
escrita e suas personagens, com uma pitada de Arlequina dos quadrinhos de
herói, foram as minhas maiores inspirações para a criação dessa Cláudia um
tanto quanto louquinha.
NOITE DE AMOR
Vocês perceberam que esse conto
tem um estilo mais visual, escrito no tempo presente, bem pausado entre as
frases e os acontecimentos? Não? Acho que vale uma segunda leitura... Sim?
Então, isso aconteceu pelo fato de essa história ter sido concebida antes do
início do livro. Meses antes de começar a escrever, estava em um curso de
roteiro de cinema e decidi escrever um curta, e essa era a história. Queria
brincar com essa ideia de dois opostos em relação a gostos (um sendo só da
música e outra só do filme). Quem sabe um dia esse conto não se torna um curta
de filme mesmo? Quem sabe...
PONTOS DE VISTA
De longe, o conto mais difícil
que escrevi. Não sou filha, muito menos mãe. No entanto, quis me desafiar a me
colocar em dois pontos de vista completamente opostos à realidade que tenho.
Decidi criar a história exatamente dessa forma: apenas mudando os pontos de
visão da mãe para filha e trazendo suas perspectivas sobre o mesmo assunto.
Quis deixar o conto um pouco mais aberto, sem me aprofundar muito nos problemas
e nas brigas, porque acredito que cada mãe e filha têm sua própria história.
Esse texto serve mais para que cada uma delas pense e lembre a importância que
têm uma para com a outra.
As mães e filhas que conheci e
me inspirei para escrever são incríveis, e guardo cada uma delas, do meu ponto
de vista, é claro, dentro do coração.
O CEMITÉRIO
Mais uma vez, Gillian Flynn
tocou no meu ombro e deu a ideia de eu colocar a personagem expondo seus
pensamentos ao leitor, estratégia que gosto e acho válida para escrita.
Curiosamente, o último conto do
livro foi o primeiro que escrevi. Entretanto, sinto, desde o início, que era
ele que fecharia todo esse ciclo. Pela sua história, pela sua ideia, pelos
personagens e pelos diferentes e extensos diálogos sobre a morte, era esse
conto que finalizaria esse meu primeiro filho.
Acho que os lutos que aparecem
em nossas vidas são apenas momentos para aprender. Sejamos sinceros: ninguém
aprende nada quando estamos apenas vencendo e tendo momentos bons, não é mesmo?
Infelizmente, precisamos de um chacoalhão de vez em quando.
Se você estiver assim, não se
cobre para melhorar logo. Viva seu luto e se respeite.
Mas, não se esqueça dessa
pergunta: O que você vai querer ser quando morrer?