Em bate-papo acompanhado por uma
plateia que preencheu todas as poltronas do espaço cultural da Giostri, a
autora do livro “de Dor e Sangue”, Esther Cazallas e o autor do livro “A última
brasileira viva”, Marchezoni Oliveira falaram sobre a inspiração para suas obras,
a jornada de suas heroínas e a mudança do ser-leitor para o ser-escritor.
Marchezoni é psicólogo, escritor
e poeta. Para ele, o exercício da psicologia está intrinsecamente ligado à escrita.
Ele afirmou que os livros são seu desabafo. Coloca nas páginas aquilo que
reflete sobre sua profissão e o mundo que o circunda. Atuante no universo de
usuários de substâncias psicoativas e pessoas em situações de rua, destrincha
em seus livros a análise de uma vida condicionada às mazelas humanas.
Em entrevista antes da mesa de
bate-papo, afirma que “A última brasileira viva” é um texto político, “vem de
uma raiva minha do momento político que vivemos. ” O livro começa com um
terremoto no Brasil. A catástrofe destrói o país e faz com que os sobreviventes
tenham que lutar para reconstruí-lo. Elegem um líder na tentativa de encontrar
uma salvação para a tragédia, mas ele estabelece uma ditadura. Dentro desse
contexto, surge a heroína da história. Uma personagem do povo que carrega a
cultura no cerne de seu movimento.
Sobre a heroína, Marchezoni
contou que a inspiração se deu pela necessidade de se construir heróis no
Brasil que representem com verossimilhança o povo brasileiro e tragam a luta
dos cidadãos por um Brasil feito e pensado para uma melhor qualidade de vida.
Esther Cazallas é formada em
gastronomia, graduanda em jornalismo e periodicamente faz análise de livros em
seu blog Tambor de Gotas.
A autora começou a escrever “de
Dor e Sangue” aos treze anos e depois de criar e se desfazer algumas vezes dos
esboços, decidiu, após conversa na terapia, que era chegado o momento de
publicar a obra. Perguntada durante o evento sobre o que tinha dela na
protagonista, a escritora contou que se colocou em várias personagens da obra,
“me dividi em vários pedacinhos de personagens do livro. ” E diferente da
heroína de Marchezoni, a de Esther trava uma luta interna, em uma trajetória de
caos transformativo.
Tanto Esther quanto Marchezoni
afirmaram que ao se tornarem escritores passaram a ter um olhar mais aguçado em
relação ao que leem. Disseram conseguir ver nas entrelinhas dos livros as
mensagens internas que os autores deixam em suas obras e percebem, então, os
simbolismos textuais presentes nos livros.